segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Inveja

"Podemos descrever o nosso ódio, o nosso ciúme, os nossos medos, as nossas vergonhas . Mas não a nossa inveja"   (Francesco Alberoni)


Inveja, palavra proveniente do latim invídia, uma declinação do verbo invidere que significa "não ver". A inveja é conceituada no dicionário como o desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outra pessoa, desejo violento de possuir o bem alheio. O invejoso tem um sentimento de inferioridade e baixa autoestima, por isso tende sempre a se desvalorizar e a idealizar o objeto invejado, o prazer do invejoso é acabar com  o prazer do outro é não querer que o outro tenha. A inveja é uma emoção inerente à condição humana e é muito difícil alguém confessar que tem.

"Certa vez, um homem, extremamente invejoso de seu vizinho, recebeu a visita de uma fada, que lhe ofereceu a chance de realizar um desejo. Você pode pedir o que quiser desde que seu vizinho receba o mesmo em dobro, disse a fada. O invejoso respondeu, então, que queria que ela lhe arrancasse um olho". Moral dessa fábula: o prazer de ver o outro se prejudicar prevaleceu sobre qualquer vontade.

Para a psicanalista Melanie Klein, a inveja, assim como os demais sentimentos, vem desde o berço, pois até mesmo os bebês nutrem esse sentimento, eles invejam o seio materno, capaz de alimentá-los e confortá-los.

No processo de construção de identidade do ser humano, ocorre uma dinâmica entre o eu e o outro, onde cada pessoa acaba incorporando traços das pessoas ao redor, a inveja surge da identificação com o outro, sendo difícil sair da comparação com o que o outro é e com o que o outro tem. A pessoa abandona a sua própria fonte de inspiração, vontade de viver, para ficar o tempo todo prestando atenção e vivendo a possibilidade da vida alheia. As pessoas geralmente sentem inveja de quem é igual ou parecido, ninguém tem inveja dos inferiores ou muito superiores a elas. O lado sombrio da admiração é a inveja combinada à insatisfação que sentimos diante da nossa própria pequenez.

Uma questão que sempre aparece no consultório é a inveja que costuma fazer parte de muitos transtornos psíquicos, que quando somatizados, as pessoas apresentam quadro depressivo, autodestrutivo e agressividade. O invejoso é um ser insatisfeito e em casos patológicos, é capaz de caluniar, perseguir e em casos extremos, desejar a morte do invejado.

A melhor maneira de domar o sentimento primitivo de inveja é identificá-lo, aprender a lidar com ele, deixando de se comparar com as outras pessoas, eliminando os sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, descobrindo suas qualidades e dons que foram reprimidos. Tudo isso com a ajuda de um bom profissional, que irá ajuda-lo na elaboração da sua história de vida.